Hipotermia e Hipertermia
Atualizado: 21 de dez. de 2021
A temperatura corporal normal fica em tornos dos 36,1°C. Quando existem variações de temperatura acima ou abaixo deste valor, identificamos casos de hipertermia e hipotermia.
A pele é responsável por cerca de 90% da perda de calor, enquanto os pulmões contribuem para os 10% restantes.
No Brasil, país de clima tropical, é maior a incidência de casos de hipertermia; porém, não deixa de registrar também muitos casos de hipotermia.
Hipotermia

(Fonte: Veja
Quando a temperatura corporal está abaixo de 35°C, dizemos que o corpo está em hipotermia: as terminações nervosas detectam as baixas temperaturas, sente-se arrepios e calafrios devido a uma vasoconstrição (diminuição do calibre), principalmente da pele. Mãos e pés começam a ficar dormentes. O corpo perde mais calor do que pode gerar. Perde-se de 1°C a 2°C.
A pele então fica fria e pálida, resposta inicial do corpo para tentar manter a temperatura corporal interna. Quando a vasoconstrição não é suficiente para evitar a queda de temperatura, começam a ocorrer os tremores: contrações involuntárias dos músculos esqueléticos, que têm finalidade gerar calor.

(Fonte: Ekonomista)
Quando a temperatura cai de 2°C a 4°C, as extremidades (mãos e pés) começam a ficar azuladas, e a respiração torna-se mais difícil. Os tremores ficam incontroláveis e a pulsação fica fraca. Há dificuldade para a fala.
Na ausência de um termômetro, é possível identificar a hipotermia através de sinais como: aumento dos batimentos cardíacos, frequência respiratória e pressão arterial. Pode ocorrer movimentos desordenados e ataxia (distúrbio na forma de andar).
Em casos mais graves, podem ocorrer espasmos musculares fortes, imobilidade, confusão mental e até inconsciência. Como sequelas graves, podem ocorrer lesões vasculares e neurológicas, transitórias ou permanentes, e até amputação de membros.
Os sintomas de hipotermia variam de acordo com a gravidade, sendo os principais:
Hipotermia leve (33 a 35º)
Tremores
Pés e mãos frios
Dormência nos braços e pernas
Perda de destreza
Cansaço
Hipotermia moderada (30 a 33º)
Tremores violentos e incontroláveis
Discurso lento e tremido
Respiração mais lenta e fraca
Pulsação fraca
Dificuldade em controlar os movimentos do corpo
Hipotermia grave ou severa (menos de 30º)
Perda do controle dos braços e pernas
Perda dos sentidos
Respiração superficial, podendo até parar
Pulsação irregular ou inexistente
Pupilas dilatadas
(Fonte: www.tuasaude.com/hipotermia/)
Além da exposição ao frio, outros fatores menos frequentes aumentam a chance de hipotermia:
- queimaduras importantes e lesões na pele
- problemas no sistema nervoso central
- AVC
- anorexia
- problemas endocrinológicos
- trauma raquimedular

(Fonte: BBC)
Primeiros socorros em caso de hipotermia:
- Acomodar a pessoa em local quente e protegido do frio;
- Roupas molhadas devem ser retiradas e trocadas por secas;
- Aquecer a pessoa com cobertor ou manta térmica;

(Fonte: Vivian Telles link https://www.viviantelles.com.br/como-usar-o-cobertor-termico-emergencia/)
- Bolsas de água quente auxiliam o aquecimento;
- Oferecer bebida quente, evitando café ou bebida alcoólica, que podem alterar a circulação sanguínea, ajudando a aumentar a perda de calor;
- Não aplicar fontes de calor (água quente, lâmpadas aquecidas...) diretamente na pele, para evitar queimaduras.
Caso a temperatura abaixe os 33°C, procurar ajuda médica.
Hipertermia

(Fonte: A última Folha)
Elevação de temperatura corporal acima dos 37,5°C caracteriza a hipertermia, ocasião em que o aumento não seja ocasionado por febre.
Na febre, o aumento de temperatura ocorre devido à presença de substâncias conhecidas como pirogênios , que podem vir fora do corpo, como toxinas de bactérias, ou mesmo dentro do corpo (citocinas pirogênicas). Em termos mais comuns, podem ocorrer devido às infecções virais e bacterianas.

(Fonte: Usp)
Na hipertermia existe falha nos mecanismos que controlam a temperatura corporal, com causas externas como: exposição ao sol, proximidade de locais muito quentes (como fornos), banhos quentes, patologias ou doenças (neoplasia ou doenças do hipotálamo), medicações que afetem o sistema nervoso central e anestésicos, esportes de alta performance.
O calor provoca em 75% das vezes câimbra e os 25% restantes uma combinação de insolação, exaustão e a perigosa hiponatremia (queda na quantidade de sódio no sangue) (Fonte: Globo Esporte).
A temperatura ambiental elevada compromete a perda de calor por condução e um alto nível de umidade no ambiente limita a dissipação do calor via evaporação do suor.
Sintomas da Hipertermia:
- Respiração acelerada
- Cefaléia
- Tonturas
- Desmaios
- Transpiração intensa
- Respiração acelerada
- Náuseas e vômitos
- Diarréia e cólica
- Cãimbra
- Convulsão, rigidez muscular, taquicardia, em casos extremos
- Brotoeja e edema

(Fonte: Segredos do Mundo)
Causas de hipertermia
Produção de calor excessiva
Delirium tremens
Abuso de substância (anfetaminas)
Hipertermia por esforço
Tétano generalizado
Termoplegia (por esforço)*
Catatonia letal
HMA
Síndrome neuroléptica maligna*
Feocromocitoma
Intoxicação por salicilato
Síndrome serotoninérgica
Condição epilética
Tireotoxicose
Dissipação de calor diminuída
Fármacos anticolinérgicos
Disfunção autonômica
Desidratação
Termoplegia (clássica)*
Síndrome neuroléptica maligna*
Roupas fechadas
Abuso de substância (cocaína)
Disfunção hipotalâmica
AVE
Encefalite
Disfunção hipotalâmica idiopática
Síndrome neuroléptica maligna*
Sarcoidose e infecções granulomatosas
Traumatismo
Tumores
*A patogênese destes distúrbios é mista.
AVE = acidentes vasculares encefálicos; HMA = hipertermia maligna da anestesia.
(Fonte: Medicinanet.com.br)
Tipos de Hipertermia
- Clássica: utilizada para nomear casos de hipertermia não relacionados ao esforço físico. Geralmente ocorre quando existe maior exposição a ambientes quentes e úmidos, uso excessivo de roupas e desidratação. Em idosos, por exemplo, pode estar relacionada ao fato de apresentarem os termorreceptores com sensibilidade reduzida.
- Induzida: desenvolvida por atividade muscular prolongada e mais intensa em ambientes com temperatura elevada e úmidos, dificultando a perda de calor pelo suor, aumentando a temperatura corporal.
- Maligna: doença muscular hereditária e rara que ocorre com a exposição do indivíduo a alguns tipos de anestésicos

(Fonte: São Joaquim Online)
Primeiros socorros em caso de Hipertermia:
- Retirar roupas, caso haja excesso
- Imersão em água fria
- Ingestão de líquidos frios (hidratação)
- Alocar o indivíduo para ambiente com temperatura mais baixa
- Compressas frias
- Utilização de ventiladores
- Borrifadores de água
Caso os sintomas não se alterem, procurar auxílio médico.
Lembrando que em casos de hipertermia, a administração de medicamentos para febre são ineficientes. Cabe sempre ao MÉDICO avaliar a administração de medicamentos, se necessário. (no caso de hipertermia causada por uso de anestésicos por exemplo, existe medicação específica utilizada).
Prevenção:
- Utilizar roupas leves
- Hidratação
- Resfriamento mecânico do corpo, como utilização de toalhas molhadas, borrifadores ou imersão em água
- Utilização de roupas e outros acessórios, como boné e chapéu, para proteção solar
- Em desuso, mas bastante útil, utilização de leques; existem mini-ventiladores portáteis atualmente
Frio e calor ao EXTREMO
Em casos de hipotermia mais grave, uma das principais preocupações é a perda da sensibilidade em áreas do corpo, que podem gerar lesões graves sem que a vítima perceba. Confusão mental e pensamentos desorientados podem acarretar decisões sem fundamento.
A desidratação é outro fator importante quando o frio é intenso: pensa-se que em dias de frio, por não sentirmos sede (o frio atenua a sensação de sede), não temos que nos hidratar: pelo contrário, para que o organismo continue funcionando, precisamos sim de água! E se tivermos praticando exercícios, mais hidratação é necessária!
Se os olhos não estiverem protegidos e tiver ventos fortes, as córneas podem congelar.
No caso de imersão em água fria, o calor do corpo é retirado mais rápido do que o ar na mesma temperatura. O choque térmico provocado pode gerar pânico e fazer com que a vítima inale água.
Em casos muito raros, vítimas fatais do frio sentem calor, o que é chamado de “paradoxo do desnudamento”. Ocorre uma falha no mecanismo que mantém o sangue abaixo da camada de gordura, fazendo com que ele corra para a superfície, dando a sensação de calor.
Assim como a sobrecarga do frio no corpo humano gera capacidade mental reduzida, em seu outro extremo, com o calor, também reduz esta capacidade.
Em casos de temperatura extremamente elevada, o corpo humano começa pode ocasionar convulsões, desmaios ou coma.
Pode correr sangramento nasal e dermatites ou lesões de pele.
Minha primeira experiência com a Hipotermia

A primeira vez que estive no Parque Nacional do Itatiaia foi para, de cara, subir o imponente Agulhas Negras! Quando li sobre a quinta maior montanha do Brasil, estava certa de que aquela eu iria subir! Engraçado lembrar nosso início no ambiente de trilhas e montanhas: experiência zero, mochila escolar, tênis comum...

Eu e mais 5 pessoas fomos de encontro à equipe Desafio Adventure no metrô Brás .
Chegamos na portaria do parque pouco antes de amanhecer, aguardando na famosa fila para a entrada. Me encantei pelo parque: a vegetação juntamente com o relevo característico é de encher os olhos! Empolgada ao extremo, fiz algumas fotos com o pessoal e subimos a linda montanha! Tudo ocorreu perfeitamente bem, inclusive todos os trechos de maior dificuldade para se alcançar o cume!

Finalizamos o trajeto, e como o grupo era pequeno, por volta das 17hs chegamos à portaria do parque. Se não fosse um pequeno porém, estaríamos a caminho de Barra de Guaratiba, nosso destino para hospedagem e passeio de domingo: nossa van quebrou e sua substituição veio somente depois das 22hs!
Minha primeira ascensão significativa à uma montanha... e minha primeira experiência com os efeitos fisiológicos da hipotermia num ambiente de montanha...
Ao chegarmos na portaria, infelizmente não encontramos a van nos aguardando. Houve um problema na estrada e tivemos que aguardar uma nova van.
Tudo bem para minha primeira experiência no Itatiaia, se não fosse o simples motivo de que estávamos somente com as roupas do dia (não estávamos preparados para enfrentar o frio que estava por vir).
Em sua parte Alta, o Parque Nacional de Itatiaia tem clima mesotérmico com verão brando, com máxima alcançando 21,4° C e mínima que já foi registrada -10,7°C.
O tempo foi passando e os efeitos do frio foram tomando conta dos nossos corpos: a pele ficou fria, o corpo começou a tremer,
Nosso instrutor Rui Barbosa, sempre precavido, felizmente tinha uma manta térmica, que melhorou os efeitos da hipotermia (depois deste episódio, nunca mais saí de casa para fazer uma trilha sem este item! Hahaha). Também foi nos oferecido um chá de coca feito pelos funcionários do parque que ali continuaram presentes, mas, sinceramente, não senti muita diferença, pois o frio era congelante!

Cena inesquecível de minha primeira experiência com os efeitos da hipotermia
Depois de algumas horas não tínhamos mais o controle do corpo, que tremia sem parar.
A maioria do grupo já demonstrava impaciência e nervosismo pela situação.
Nestas situações temos que tentar ao máximo manter a calma para não gerar discussões. Porém, chega um determinado momento que nem conseguimos mais raciocinar!
Neste meio tempo até avistamos um lobo guará nas proximidades da portaria! Uma pena que não conseguimos registrar o momento!
Depois da chegada da van (finalmente, após 5 horas aguardando), comemoramos e conseguimos seguir nosso destino!
Vai praticar atividades físicas?
É importante sempre avaliar as condições climáticas, levando em consideração que adversidades podem ocorrer.
Carregue contigo itens de emergência, como a manta térmica, uma blusa do tipo corta vento ou qualquer outro item, tomando as devidas precauções para que seu corpo não apresente os mais variados sintomas indesejados, seja em casos de hipotermia ou hipertermia!
Previna-se de contratempos e aproveite!
Bibliografia, links úteis e artigos interessantes:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hipertermia
https://oglobo.globo.com/rio/calor-forte-pode-levar-corpo-ao-colapso-veja-como-se-proteger-7160178
https://www.dw.com/pt-br/como-o-corpo-reage-ao-calor-e-frio-extremos/a-36952451
https://www.cevs.rs.gov.br/cuidados-com-a-onda-de-calor
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/bbc/2020/09/04/como-sobreviver-ao-frio-extremo.htm
https://www.agenciabrasilia.df.gov.br/2020/10/09/calor-em-excesso-faz-mal/
http://www.medicinanet.com.br/conteudos/acp-medicine/5945/hipertermia_febre_e_febre_de_origem_indeterminada.htm
https://www.cevs.rs.gov.br/cuidados-com-a-onda-de-calor
https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-52906805
https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2019/02/04/frio-e-calor-extremos-podem-causar-queimaduras-congelamentos-e-outros-problemas-de-saude.ghtml
http://www.prudenceseguros.com.br/frio-e-calor-extremos-podem-causar-queimaduras-congelamentos-e-outros-problemas-de-saude.html
https://www.tylenol.com.br/maes-e-pais/febre/qual-a-diferenca-entre-febre-e-hipertermia
https://nuestrosparques.info/noticia/180861
https://www.uniad.org.br/wp-content/uploads/2009/04/Ecstasy-hipertermia.pdf
https://www.biologianet.com/saude-bem-estar/hipertermia.htm
https://www.if.ufrgs.br/~dschulz/web/efeitos_temp.htm
https://www.tuasaude.com/hipotermia/
https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2019/12/03/assim-como-a-febre-hipotermia-pode-ser-defesa-natural-durante-infeccao.htm
https://www.unimed.coop.br/viver-bem/saude-em-pauta/hipotermia-causas-e-como-reverter-o-quadro
https://www.minhavida.com.br/saude/tudo-sobre/36217-hipotermia
https://www.minhavida.com.br/saude/tudo-sobre/37106-hipertermia
https://blogs.oglobo.globo.com/pulso/post/os-disturbios-causados-pelo-calor-durante-exercicios-237753.html
https://www.biologianet.com/anatomia-fisiologia-animal/suor.htm
https://www.hsmed.com.br/atividade-fisica-no-inverno
https://globoesporte.globo.com/eu-atleta/saude/noticia/calor-excessivo-durante-pratica-esportiva-pode-levar-a-hipertermia.ghtml
https://www.onbodyevolution.com/hipertermia-nas-atividades-fisicas/
http://www.revistaneurociencias.com.br/edicoes/2006/RN%2014%2003/Pages%20from%20RN%2014%2003-5.pdf
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-86921999000300009
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