Conquista do Monte Fuji, a maior montanha do Japão
O Monte Fuji é a mais alta montanha do arquipélago japonês, com 3.776m. Possui uma importância espiritual e é fonte inspiradora de muitos artistas. Trata-se de um vulcão ativo, mas segundo especialistas, sem risco eminente de erupção.
Localiza-se a oeste de Tóquio, na fronteira entre as províncias de Shizuoka e de Yamanashi.
Existem três pequenas cidades que envolvem o Monte Fuji: Gotemba a leste, Fuji-Yoshida a norte e Fujinomiya a sudoeste.
São quatro trilhas oficiais para subir o Monte Fuji, dividas em cores:
- Yoshida (amarela)
- Fujinomiya (azul)
- Gotemba (verde)
- Subarashi (vermelha)
A trilha Yoshida fica em Yamanashi. As demais ficam em Shizuoka.
A temporada oficial (*) para a escalada ao Monte Fuji é aberta em julho e vai até setembro, período em que a neve não cobre o monte e o clima está mais ameno:
- Yoshida: de 01/07 a 10/09
- Fujinomiya, Gotemba e Subarashi: de 10/07 a 10/9
*Sujeito a alterações, consulte sempre o site oficial para informações
Fora de temporada o acesso só é indicado para alpinistas experientes pois, dependendo da temperatura, que chega abaixo de zero, exige-se equipamentos apropriados
A subida à maior montanha do Japão é demarcada por 10 Estações (pontos de apoio), mas a grande maioria das pessoas inicia a escalada a partir da 5° Estação, até onde o asfalto chega.
Somente os mais experientes e os que dispõem de um tempo maior começam a caminhada na primeira estação.
A trilha até o cume é muito bem demarcada, com placas e cordas ao longo do caminho. Cada estação é um ponto de apoio, com banheiros e serviço de emergência. Alguns oferecem abrigo (que precisam ser reservados antecipadamente) e alimentação.
MINHA EXPERIÊNCIA NO MONTE FUJI
Claro que, quando soube da minha partida do Brasil rumo ao Japão, como trilheira e apaixonada por cumes, meu primeiro pensamento foi ele: o Monte Fuji!

Mas não esperava que, em menos de um mês no país eu já estaria lá no cume! Cheguei no Japão no dia 04/08/2022 e subi ele no dia 27/08/2022, dois dias antes do meu aniversário.
A convite de um amigo meu, Alexandre, que vive aqui no Japão há mais de 20 anos e não conhecia o Fuji, tive esta oportunidade. E quando contei para minha irmã mais nova, Lissa, que também está aqui há quase este tempo também, não deu outra: já tinha despertado a vontade nela também!

A temporada de subida ao Monte Fuji já estava para encerrar este ano, e já estávamos na última semana de agosto! Planejamos rapidamente, com base na previsão do tempo e os dias disponíveis de folga de ambos no trabalho.
NOSSA PROGRAMAÇÃO
Decidimos fazer a Trilha Yoshida para alcançar o cume do Monte Fuji, a mais conhecida e a mais fácil segundo os relatos que encontramos. Nenhum dos três tinha conhecimento da trilha. Aliás, o Monte Fuji foi a primeira montanha que meu amigo Alexandre e minha irmã Lissa subiram na vida!

Saímos de carro de Ono às 7:20 do dia 27/08/2022 e chegamos em Yoshida por volta das 13h30min.
Deixamos o carro próximo à Estação de trem Monte Fuji e pegamos um ônibus até a Quinta Estação (2.305m) às 14:40.

Por volta das 15h30min, chegamos na Quinta Estação.

É indicado ficar na Quinta Estação por pelo menos 1 hora para aclimatação.
Iniciamos a subida por volta das 17hs na Quinta Estação e atingimos o cume (Décima Estação) no dia 28/08/2022 às 3:44 (3.776m).
DA QUINTA ATÉ A SÉTIMA ESTAÇÃO
O trecho inicial da trilha Yoshida é bastante tranquilo e, até a Sexta Estação encontramos ainda a vegetação.
Para os amantes da natureza, esta parte é incrível para tirar fotos. Infelizmente não consegui fazer muitas fotos porque pegamos muita chuva durante toda a trilha.

Possui no caminho algumas escadarias, de onde avistamos a cidade de Fujiyoshida bem distante.

Encontramos ali um posto policial que confere se contribuímos com algum valor na entrada do Parque e já existem banheiros químicos para utilização.

A partir da Sexta Estação a paisagem já se torna mais árida, com pouquíssimos trechos de vegetação.

A Sétima Estação é avistada de longe devido ao conglomerado de luzes no meio da escuridão.

Até ela são inúmeros ziguezagues... Que se tornam infinitos quando o corpo já está cansado de uma longa viagem.

O ar começa a pesar devido à altitude.

O primeiro abrigo que encontramos no caminho foi o da Sétima Estação, e confesso que se tivesse mais tempo de viagem, com certeza teria reservado um espaço para nós.

Uma grande diferença faria se estivéssemos com a mente e o corpo descansados.
Como não estou acostumada, fiquei impressionada com o comércio na montanha...
Realmente o Japão me espanta e incomoda neste ponto, porque gosto muito mais das coisas naturais e com menor impacto.
DA OITAVA ESTAÇÃO ATÉ O CUME

Tinha lido relatos que a partir da Oitava Estação a subida se tornaria mais difícil.

A princípio, não achei que o nível passasse para um mais difícil.
Continuamos a subir com trechos de escalaminhada em pedras.
Tornou-se mais difícil para nós talvez porque a velocidade do vento aumentou e também a chuva.
Depois da última Estação pela qual passamos, que pensamos que era a penúltima com abrigo (o trecho final ficou um pouco confuso), acertamos que na próxima Estação colocaríamos as roupas secas e talvez tomaríamos algo quente.
Porém, depois de muito subir, comecei a observar que não havia indícios de um próximo abrigo tão perto, porque a escuridão já era total.
Me apareceu os primeiros sintomas de hipotermia (tremedeiras e dormência nas extremidades) e sabia que, tanto minha irmã Lissa como meu amigo Alexandre, estariam numa situação pior, pois estávamos muito molhados.
Minha irmã já estava utilizando o tubo de oxigênio com frequência e estava muito cansada.

Resolvi então procurar, nos trechos da trilha, algum lugar com menor velocidade do vento e fiz todos tirarem as roupas molhadas para colocar as roupas secas.
Foi extremamente difícil retirar as roupas molhadas, com tanto frio, mas necessário, porque corrermos o risco de algum de nós não conseguir chegar ao cume naquelas condições.
Também fiz todos se hidratarem (água) e comer algo, para continuar nosso objetivo.

Alcançamos o cume às 3:44 do dia 28/08/2022 com muita chuva e temperatura 3°C.

Total de tempo gasto da Quinta Estação até o cume: 11 horas, devido às condições do clima e dificuldade dos meus acompanhantes.

Infelizmente não conseguimos o Goroiko (ver o nascer do Sol do cume do Monte Fuji), devido às condições climáticas
Apesar das roupas mais secas, estávamos com as botas de trilha molhadas, e ainda o frio era um problema.
A parte boa desta trilha é que toda Estação possui comércio, e o cume não é diferente.
E nas condições que estávamos , tomar um chocolate quente e comer um Cup Noodle no cume foi espetacular: os ienes mais bem gastos dessa viagem (mesmo com o valor alto). Como dizem, tem coisas que não tem preço.

O objetivo era o Goroiko, nascer do sol visto do Monte Fuji, mas infelizmente o tempo desta vez não permitiu...
Meu maior presente de aniversário antecipado foi ter permitido que minha irmã @polianalissa e @xansaito alcançassem o cume da primeira montanha deles (moram no Japão há mais de 20 anos e nunca tinham subido uma montanha )